segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alexandre Herculano e o Instituto de Coimbra


No bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano (1810-1877), recordamos este que foi um dos sócios honorários do Instituto de Coimbra, desde a sua fundação (1852), e umas das principais figuras da cultura portuguesa oitocentista.

Alguns textos de Herculano encontram-se publicados na revista O Instituto, nos seus números iniciais, nomeadamente, na forma epistolar. As primeiras cartas que o Instituto publicou dizem respeito a uma solicitação de Herculano à Faculdade de Direito de Coimbra, em 1853, para que esta emitisse um parecer sobre o seu IV volume da História de Portugal, no que aos assuntos jurídicos dizia respeito, reconhecendo o autor a sua insuficiência de formação neste campo. A resposta da comissão nomeada para o efeito foi extremamente favorável, interpretada por Herculano como um incentivo à prossecução dos seus trabalhos (vd. vol. 2, p. 13, 61, 66).

Dois anos mais tarde, Herculano envia à redacção d’O Instituto uma carta, publicada no vol. 4 (p. 195), para se defender das acusações de anticlericalismo que lhe são feitas num outro artigo da mesma revista, assinado por Miguel Ribeiro de Vasconcelos, intitulado “Memória histórica sobre a revolução que em 1246 tirou a coroa a D. Sancho II”.

Em contrapartida, é significativo o número de artigos d’O Instituto dedicados a Alexandre Herculano, mormente no volume subsequente à sua morte (vol. 25), e nos volumes 84, 85 e 86, onde finalmente se publicaram artigos que se destinavam a uma projectada obra de comemoração do 1º centenário do seu nascimento. Entre estes destacamos o texto “Herculano en la religión ibérica”, da autoria de Miguel de Unamuno (vol. 85, p. 503).

Com efeito, em 23 de Maio de 1878, o Instituto realizou uma sessão pública de homenagem ao historiador, onde Vicente Ferrer Neto Paiva, sócio do IC e amigo de Herculano, leu o seu elogio histórico. Em 1881, o IC lançou uma subscrição entre os seus membros em ordem a contribuir para um monumento a Herculano, e foi adquirido, por iniciativa do sócio José Epifânio Marques, um retrato de Alexandre Herculano para figurar na Sala de Conferências do Instituto. O IC esteve ainda representado, por intermédio de D. António da Costa de Sousa de Macedo e do Conde de Valenças (Luís Jardim), na cerimónia de trasladação dos restos mortais do escritor para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1888.