segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Instituto de Coimbra e a Astrofísica em Portugal

O Institutorevista científica e literária contém muitos artigos que descrevem, em pormenor, a investigação realizada na secção de astrofísica do Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra (UC), incluindo os principais resultados obtidos. Através de uma análise destes artigos, complementada com uma pesquisa noutras fontes, é possível traçar a história dos estudos pioneiros realizados do nosso país no âmbito da física solar, bem como aferir a influência do Instituto de Coimbra neste projecto.

Em 1925 foi criada no Observatório Astronómico da UC uma secção dedicada à astrofísica e, em particular, ao estudo dos fenómenos cromosféricos solares. Esta área de investigação tornou-se possível através da instalação de um espectroheliógrafo, instrumento que permite obter imagens monocromáticas da cromosfera solar. O novo aparelho, similar ao existente no Observatório de Meudon (Paris), permitiu trocar observações entre os dois observatórios. A pesquisa integrou uma campanha mundial de monitorização dos fenómenos solares.

Tal desenvolvimento da astrofísica em Portugal teve como mentor Francisco Miranda da Costa Lobo, professor de astronomia da Faculdade de Matemática da UC, director do Observatório de Coimbra e Presidente do Instituto de Coimbra (IC). Neste projecto, Costa Lobo contou com o apoio de Henri Deslandres, director do Observatório de Meudon, e do assistente deste Lucien D’Azambuja. O espectroheliógrafo, considerado um instrumento essencial para o estudo do Sol, decalcava o de Meudon, em funcionamento desde 1908 e um dos mais avançados a nível mundial. Através da cooperação com Paris, o equipamento de Coimbra foi sendo melhorado em paralelo com as inovações introduzidas no instrumento de Meudon, estando ainda hoje operacional. O sucesso desta iniciativa deveu-se à rede de contactos internacionais de Costa Lobo, em particular à sua participação em numerosos congressos como representante do IC, da UC e do governo português. Um protagonista importante deste projecto foi Gumersindo Sarmento de Costa Lobo, filho de Francisco Costa Lobo, que, após ter realizado um estágio em Meudon em 1923, foi o cientista mais importante na instalação do espectroheliógrafo, dinamizando a investigação subsequente. Os resultados obtidos em Coimbra entre 1929 e 1944 foram publicados nos Anais do Observatório Astronómico da UC – Fenómenos solares. Os espectroheliogramas foram também partilhados com Meudon, permitindo colmatar lacunas nas observações deste, e encaminhados para Zurique a fim de integrarem o Bulletin for character figures of solar phenomena, publicação da União Astronómica Internacional que, a partir de 1928, recolhia observações solares de vários observatórios mundiais. A cooperação então iniciada com Meudon permanece ainda hoje, passados mais de 80 anos.

A obtenção dos fundos necessários para a aquisição do espectroheliógrafo pode ter que ver com o facto de várias personalidades da elite política da época fazerem parte do IC, algumas das quais, como Bernardino Machado (que ocupou o cargo de primeiro ministro e de Presidente da República em duas ocasiões) e Afonso Costa (ministro e primeiro-ministro de diversos governos), terem desempenhado papéis relevantes nesta academia (Bernardino Machado foi presidente do IC e Afonso Costa foi secretário de IC e coordenou a comissão de redacção da revista O Instituto). O próprio Francisco Costa Lobo teve um passado interventivo na política, embora com menor visibilidade desde a revolução que implantou a república em Portugal em 1910.

O exame das observações efectuadas conduziu à tentativa de explicação do processo de formação das manchas e protuberâncias solares. Na introdução do 1.º volume dos Anais, Francisco Costa Lobo apontou a interligação existente entre as manchas solares e as regiões faculares, zonas brilhantes da superfície solar e com maior extensão que as manchas. Lobo concluiu que os dois fenómenos estavam associados uma vez que as manchas solares surgiam sempre no interior de zonas faculares, pelo que as fáculas seriam mais importantes pois perduravam após o desaparecimento das manchas.

Em 1949, já depois da morte de Francisco Costa Lobo em 1945, o IC organizou uma conferência, impulsionada por Gumersindo Lobo, que trouxe uma vez mais a Coimbra Lucien D’Azambuja, desta vez acompanhado pela sua esposa e assistente Marguerite D’Azambuja. As palestras de ambos, no salão nobre do edifício-sede do IC, incidiram nos fenómenos solares e no progresso das pesquisas efectuadas à atmosfera solar. Marguerite discorreu sobre as possíveis causas das manchas solares e fáculas, indicando as explicações existentes na altura, e Lucien apresentou o seu conceito de centro de actividade, que incorporava vários eventos solares.

Na intervenção dos Costa Lobo, pai e filho, teve influência decisiva a existência do IC, onde os dois tiveram papéis muito activos. Para além de facilitar o estabelecimento de contactos nacionais e internacionais, o IC permitiu, através da sua revista, divulgar a investigação realizada, nomeadamente junto das instituições estrangeiras que recebiam por permuta esta publicação. Terão sido, pai e filho, os primeiros astrofísicos portugueses.

A nossa investigação sobre este assunto originou uma comunicação no Scientiarum Historia II - Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências, realizado de 28 e 30 de Outubro de 2009 no Rio de Janeiro, fazendo parte do respectivo livro de anais. Um artigo mais aprofundado sobre este tema foi submetido a uma revista internacional de história da astronomia.

A. José Leonardo

O Instituto de Coimbra e as reformas do Ensino Secundário em Portugal

Uma parte da história da instrução pública em Portugal vem contada nas páginas da revista O Instituto, em particular nos primeiros dez volumes desta publicação. Uma portaria de Setembro de 1853 determinou a impressão deste jornal na Tipografia da Universidade, com as despesas por conta do Estado, atendendo à relevância que era reconhecida à difusão dos conhecimentos científicos e artísticos, desde que metade do espaço fosse reservado ao Conselho Superior de Instrução Pública (CSIP), um órgão de aconselhamento do governo sobre questões de educação sedeado na Universidade, às Faculdades e aos Hospitais da Universidade. Assim, a totalidade dos relatórios emitidos pelo CSIP foram publicados no Instituto, desde 1844, ano em que esta entidade foi criada numa reforma do governo de Costa Cabral, até 1859, ano da sua extinção por decisão do governo de Fontes Pereira de Melo, sendo substituído pelo Conselho Geral de Instrução Pública, que passaria a reunir em Lisboa sob a presidência do ministro do reino. Além dos referidos relatórios, foram numerosos os artigos sobre o ensino que foram surgindo ao logo da centena e meia de volumes da revista, em particular até 1926 quando findou a primeira república, contendo propostas, regulações e reacções da autoria de diversos académicos nacionais e também de alguns estrangeiros. No seu conjunto, oferecem-nos um corpo, ainda que não muito estruturado, que permite analisar as várias reformas do ensino em Portugal na perspectiva, que não é uniforme, dos sócios do IC.

A nossa investigação incidiu sobre o Ensino Secundário, tendo sido analisados muitos artigos de vários protagonistas nas reformas implementadas, como foram os casos de Jerónimo José de Melo, José Maria de Abreu, Bernardino Machado, Adolfo Coelho, Gonçalves Guimarães e Francisco Costa Lobo, entre outros. Foi dada ênfase ao caso das Ciências Físico-químicas e à sua implementação nos planos curriculares, programas e práticas pedagógicas.

Um dado relevante foi o número extenso de artigos que relataram o estado deste nível de ensino em muitos países europeus, o que se enquadrava na linha editorial do O Instituto. Foi possível também revelar o intercâmbio gerado com o país vizinho, cujo evento mais importante foi o Congresso Pedagógico Hispano-português-americano, realizado em Madrid em 1892. Portugal fez-se representar por uma delegação alargada, liderada por Bernardino Machado, que reuniu os maiores pedagogos portugueses da altura que ali apresentaram várias dezenas de memórias. Bernardino Machado descreveu também no artigo que publicou n’O Instituto o conteúdo de uma exposição pedagógica sobre o sistema educativo português, que decorreu paralelamente ao congresso e que incluiu 200 fotografias de estabelecimentos escolares e outras pastas com documentação diversa.

O interesse espanhol pelo sistema educativo português tornou-se mais evidente após a implantação da República em 1910. Em 1914, uma portuguesa que tinha participado no congresso atrás referido e então com funções docentes num estabelecimento de ensino espanhol onde se implementavam novas técnicas pedagógicas de ensino, foi comissionada pelo governo espanhol para efectuar um estudo sobre a instrução pública em Portugal. O seu nome era Alice Pestana, uma professora da Instituición Libré de Enseñanza (ILE) de Madrid, instituição em relação à qual Bernardino Machado dedicou um artigo que intitulou “Educação Nova em Espanha”. Pestana publicou os seus resultados em 1915, num livro escrito em castelhano com o título “La Education en Portugal” onde fez uma análise extensa de todos os níveis de instrução. O interesse despertado levou que, cerca de três anos depois, um outro professor espanhol com uma bolsa atribuída pela Junta para Ampliación de Estúdios e Investigaciones Científicas (JAE), pertencente à estrutura da ILE, se deslocasse ao nosso país com o intuito de estudar o ensino secundário.

Entre 10 de Maio e 29 de Julho de 1918, Rubén Landa visitou os mais importantes liceus nacionais, assistiu a aulas, conversou com alunos, professores, reitores e governantes, realizou uma conferência sobre o tema na Universidade de Coimbra e, após regressar a Espanha, elaborou uma memória onde descreveu o ensino secundário em Portugal, desde o primeiro decreto de Passos Manuel em 1836, até às reformas de 1921, relatando com maior enfoque o seu estado em 1918 sob a perspectiva imparcial de um investigador estrangeiro. Este artigo, na sua versão mais extensa, foi publicado em várias partes n’O Instituto, a partir do volume 74.º, e também na forma de separata. Nele podemos encontrar uma visão bastante meritória do funcionamento dos liceus lisboetas, nomeadamente os Liceus Pedro Nunes, Passos Manuel e Camões, mas também um parecer bastante favorável em relação ao sistema então em vigor, cuja grande parte tinha sido implementada na reforma de 1905 (ver http://dererummundi.blogspot.com/2009/07/ruben-landa-e-o-ensino-secundario-em.html).

A partir de 1928 reduz-se significativamente o número de artigos dedicados à instrução pública n’ O Instituto. Apesar de não serem apresentadas quaisquer indicações sobre censura prévia, a grande maioria das pessoas que ocupavam lugares no corpos directivos do IC estavam conotadas com o novo regime, pelo que haveria algum cuidado em publicar artigos que pudessem conter críticas às novas reformas no âmbito da educação. Assim se pode explicar que as profundas reformas realizadas a partir de 1926 não tenham encontrado qualquer menção nas páginas d’O Instituto. Por este motivo, a nossa análise termina com o início da década de 1920, não sendo referenciadas as reformas realizadas a partir de 1926, após a revolução que abriu portas ao Estado Novo.

A pesquisa efectuada teve como resultado dois artigos que relatam a história das reformas no ensino secundário nas páginas d’O Instituto. O primeiro incide no período monárquico parlamentar de 1836 a 1910 e será publicado na Revista Portuguesa de Pedagogia (Leonardo, A. J. F.; Martins, D. R.; Fiolhais, C. (2009). O Instituto de Coimbra e o Ensino Secundário em Portugal de 1836 a 1910. O caso das Ciências Físico-Químicas. Revista Portuguesa de Pedagogia, 43-2, 2009, 239-260). O segundo aborda o período da 1.ª República, de 1910 a 1926, estando prevista a sua publicação no próximo ano, quando se celebra o centenário da implantação da República em Portugal.

A. José Leonardo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Edição digital da revista "O Instituto" é apresentada na próxima segunda-feira

A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra apresenta, na próxima segunda-feira, dia 19 de Outubro, a partir das 15 horas, na Biblioteca Joanina, a edição digital de O Instituto: Revista Científica e Literária. Esta revista, publicada pelo Instituto de Coimbra, entre 1852 e 1981, num total de 141 volumes, encontra-se agora integralmente digitalizada em mais de 76 mil páginas disponíveis, a partir de Novembro, em http://bdigital.bg.uc.pt.

Nesta sessão, presidida pelo director da Biblioteca Geral, Prof. Doutor Carlos Fiolhais, e que contará com a presença do vice-presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Prof. Doutor Francisco Sepúlveda Teixeira, será ainda apresentada uma ferramenta inovadora de pesquisa em texto integral, que faculta o acesso à informação por autor, título e palavra significativa. Para além disso, esta nova ferramenta permite o download dos artigos.

A edição digital de O Instituto: Revista Científica e Literária decorre do Projecto Instituto de Coimbra, desenvolvido pela Biblioteca Geral, desde Julho de 2008, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Entre os objectivos deste projecto, salientam-se ainda a catalogação da biblioteca e do acervo arquivístico, bem como a investigação sobre a história desta antiga academia científica e literária.

Saliente-se que o Instituto de Coimbra, fundado em 1852, foi uma das mais prestigiadas academias nacionais, tendo desenvolvido, nomeadamente, as Ciências Físico-Matemáticas, Sociais e Humanas e a Literatura. Para comprovar o seu prestígio, recordamos o financiamento régio obtido por portaria de 1853, como contrapartida da publicação nas páginas da revista das decisões do Conselho Superior de Instrução Pública.

Entre as actividades do Instituto de Coimbra, salientamos as escavações arqueológicas das Ruínas de Conímbriga, que permitiram reunir valiosas colecções de arte e de arqueologia que integram hoje o acervo do Museu Nacional Machado de Castro. E entre as personalidades que pertenceram a esta academia destacamos Alexandre Herculano, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Ricardo Jorge, Joaquim de Carvalho, Egas Moniz, Eugénio de Castro, Sousa Viterbo, Miguel de Unamuno, Alfred Baudrillart, D. Carlos I, Raymond Poincaré, Anselmo Ferraz de Carvalho e Luís de Albuquerque.

A biblioteca do Instituto de Coimbra é, essencialmente, composta por publicações periódicas e monográficas, sendo um número significativo de revistas resultante da permuta que esta academia estabeleceu com outras academias congéneres nacionais e estrangeiras. Entre estes títulos, encontramos o Boletin de la Real Academia de la Historia, Brotéria, Seara Nova, Bulletin of the New York Public Library, Smithsonian Year e Revue des Deux Mondes.

O acervo arquivístico integra um conjunto de documentos que retratam a vida e a acção da instituição e das personalidades que a dirigiram ao longo de mais de um século. Entre esta documentação, destacamos os manuscritos das Memórias de Castilho.

A equipa responsável pelo Projecto Instituto de Coimbra, dirigida pelo Prof. Doutor Carlos Fiolhais, é coordenada pelo Doutor Jorge Pais de Sousa e conta com a colaboração da Dr.ª Licínia Ferreira, bolseira de Investigação, e da Dr.ª Cláudia Filipe e do Dr. Joaquim Veríssimo, bolseiros de Gestão de Ciência e Tecnologia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Bernardino Machado, presidente do Instituto de Coimbra

Eleito sócio efectivo do Instituto de Coimbra em 1873, época em que realizava os estudos de Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra, Bernardino Machado (1851-1944) viria a tornar-se um dos mais emblemáticos presidentes desta academia científica e literária. Começou por ocupar o lugar de vice-director da Classe de Literatura e Belas Artes, entre 1877 e 1880, assumindo mais tarde o cargo de presidente da Direcção do Instituto num período conturbado por quezílias internas, revelando-se uma figura central que, através da sua acção, em muito contribuiu para sanar as discórdias e refazer a unidade deste corpo académico.

Foi eleito presidente em Assembleia-Geral de 26 de Maio de 1896 e, através de sucessivas reeleições, manteve-se no cargo ainda na primeira década de 1900. Destacam-se, durante a sua direcção, a admissão de grande número de sócios, incluindo as primeiras mulheres a fazerem parte desse número (Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Amélia Janny, Domitilla Hormizinda Miranda de Carvalho); a cedência por parte do reitor da Universidade de Coimbra de todo o espaço do Colégio de S. Paulo Eremita ao Instituto e a realização de obras nesse mesmo espaço; a criação de cursos para operários; ou a comemoração do Primeiro Centenário do Nascimento de Almeida Garrett.


Livro de registo de matrículas dos alunos dos cursos populares (1897)


Em paralelo, leccionava na Faculdade de Filosofia, para a qual foi muito cedo nomeado lente catedrático (1879) e onde se viria a tornar professor de Antropologia, cadeira que foi criada por sua iniciativa em 1885. Já depois de cessar estas funções, Bernardino Machado foi eleito sócio honorário do Instituto, em Assembleia-Geral de 14 de Dezembro de 1910. Entretanto, tinha-se desligado da actividade docente em 1907 e partido para Lisboa, onde prosseguiu a sua actividade republicana. Integrou o Governo Provisório da 1ª República, em 1910, chefiou o Governo em 1914 e em 1921, e foi duas vezes eleito Presidente da República Portuguesa, em 1915 e em 1925.

Assinou diversos artigos na revista O Instituto, com especial relevo para os temas da educação, entre eles “O estado da instrucção secundaria entre nós” (vol. 30), “Notas d’um pae” (vols. 43, 44, 46, 47, 48, 49, 50), “Curso de pedagogia” (vol. 47) e “Pela liberdade” (vol. 48).

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Instituto e a telegrafia eléctrica

A análise de alguns dos artigos científicos publicados nas páginas da revista O Instituto revela a evolução da física no nosso país, em particular as ideias associadas à electricidade e ao magnetismo no século XIX, que revolucionaram as comunicações com a sua aplicação primeiro na telegrafia eléctrica e depois na telegrafia sem fios.

A telegrafia eléctrica em Portugal

A segunda metade do século XIX foi uma época de grandes transformações tecnológicas no nosso país. Em 26 de Abril de 1855, Fontes Pereira de Melo, então Ministro das Obras Públicas, assinou com o francês Alfredo Breguet, em representação da firma Breguet, sedeada em Paris, um contrato que previa a construção das primeiras linhas de telégrafo em Portugal. Quase simultaneamente, com início em Maio de 1855, a revista O Instituto do Instituto de Coimbra iniciou a publicação de um artigo, em várias partes, sobre a telegrafia eléctrica da autoria de José Maria de Abreu (1818-1871), no qual este lente da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra (FFUC) relatava, em pormenor, a história da telegrafia eléctrica desde os seus primeiros ensaios, realizados em 1774, até essa data, passando pelas sucessivas inovações de que beneficiou. Abreu descreveu os aparelhos mais recentes utilizados em França, Inglaterra e na América, realçando as suas vantagens e desvantagens técnicas e comparando-os com outros já instalados em Portugal. Premonitória foi a sua conclusão relativamente à superioridade do aparelho de Morse, que mais tarde viria a substituir os de Breguet no nosso país, que eram então usados em França e que se incluíam nos telégrafos de quadrante. As imagens que se seguem correspondem: ao telégrafo de Breguet - o mostrador possui um ponteiro, que se move por acção de uma agulha magnética, onde estão representadas as letras do alfabeto (modelo didático do Museu de Física/Ciência da UC) e ao telégrafo de Morse - através de um lápis ou ponteiro de aço e por acção de uma alavanca, que o pressiona contra um rolo de papel, são marcados na fita pontos e traços (também do Museu de Física/Ciência da UC).

O Congresso Internacional de Paris de 1881 e as unidades eléctricas


A importância social adquirida pela telegrafia conduziu a um grande interesse, no nosso país, pelo estudo dos fenómenos eléctricos. No Congresso Internacional de Paris, de 1881, e nas Conferências que se seguiram, realizadas em 1882 e 1884, estabeleceu-se um sistema de unidades eléctricas (C.G.S.) para adopção internacional. Nele esteve presente António dos Santos Viegas (1835-1914), uma figura incontornável do panorama académico nacional da época. A FFUC elaborou um parecer favorável a este sistema, que foi publicado n’O Instituto. Para além da definição de um sistema de unidades eléctricas, as Conferências de Paris tentaram também definir critérios internacionais para as correntes das linhas telegráficas. Como exemplo do interesse suscitado em Portugal neste tema, refira-se que Henrique Teixeira Bastos (1861-1943) - na fotografia, aluno de Santos Viegas e posteriormente médico e professor da 2.ª cadeira de Física (Electricidade e Óptica) da FFUC, discutiu, na sua dissertação inaugural, em 1884, o tema Unidades Eléctricas e analisou, na sua dissertação de concurso em 1885, o tema Teoria electromagnética da luz, tendo esses dois trabalhos sido publicados pela Imprensa da Universidade.


Principais resoluções do Congresso (1881) e Conferências (1882 e 1884)

Ficou estabelecido o ohm como unidade de resistência, tendo como padrão uma coluna de mercúrio de um milímetro quadrado de secção e 106 cm de altura, à temperatura do gelo fundente. A força electromotriz passaria a ter como unidade o volt, correspondente a 108 unidades absolutas C.G.S.. Definiram-se também as unidades de corrente eléctrica, massa eléctrica (carga eléctrica) e capacidade eléctrica, respectivamente: o ampére, o coulomb e o farad. Todas as unidades passariam a ser baseadas no sistema electromagnético. Para além da metrologia, os trabalhos também incidiram em aspectos práticos relacionados com a telegrafia eléctrica. Decidiu-se pela utilização das linhas telegráficas para observação das “correntes terrestres” e elaboraram-se dois questionários para recolher elementos estatísticos relativos à eficácia de pára-raios e “à influência preservadora ou nociva das redes telegráficas”.

Telegrafia sem fios
Em 1897, A. A. M. Vellado Alvez Pereira da Fonseca (1873-1903), sob a orientação de Teixeira Bastos, publica uma tese sobre as Oscillações eléctricas, onde vêm relatadas as principais experiências realizadas sobre estes fenómenos, destacando-se as de Heinrich Hertz e Nicolau Tesla. O capítulo final da segunda parte é dedicado à telegrafia sem fios, onde Fonseca descreveu os sistemas a serem testados na altura. A evolução das comunicações, em particular o desenvolvimento da telegrafia sem fios, foi seguida atentamente no nosso país, como mostram as páginas d’O Instituto. Em 1903, dois anos depois da experiência de Marconi de transmissão de um sinal de rádio transatlântico, Álvaro José da Silva Basto (1873-1924), professor de Química Orgânica da FFUC, publicou na referida revista um extenso artigo sobre Os phenomenos e as disposições experimentais da telegrafia sem fios, onde incluiu alguns esquemas dos equipamentos então em uso.
(Uma descrição mais alargada deste assunto está disponível no artigo: Leonardo, A. J., Martins, D. R. e Fiolhais, C. (2009). A telegrafia eléctrica nas páginas de O Instituto, revista da Academia de Coimbra. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 31, n. 2, 2601 – http://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/312601.pdf)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Arquivo do Instituto de Coimbra

O arquivo do Instituto de Coimbra é constituído por 77 caixas e 55 livros. Esta é uma dimensão provisória, uma vez que na organização da biblioteca do Instituto têm vindo a ser encontrados documentos de arquivo entre as publicações.
A documentação encontra-se fragmentada e sem a ordem original, restando uma pequena parte do testemunho das actividades do Instituto de Coimbra. As datas apuradas correspondem ao ano de início e de fim dos documentos existentes. Verificam-se grandes lacunas nos períodos de produção, que se encontram interrompidos por vários anos ou décadas.
O fundo encontra-se em fase de inventário e organização. Os documentos serão reacondicionados por séries documentais, de acordo com os órgãos e as actividades que lhes deram origem, respeitando a sequência cronológica da produção.
CARACTERIZAÇÃO DO FUNDO - Documentação de arquivo que regista as principais actividades desenvolvidas pelo Instituto de Coimbra durante a sua existência:
Reuniões dos órgãos directivos do Instituto de Coimbra: actas de reuniões publicadas na revista sob a designação de Boletim do Instituto. 1854-1985
Conteúdo: Actas das sessões da Direcção, da Assembleia Geral e das Classes do Instituto. Convocatórias para as sessões.
Unidades de Instalação: 6 livros, documentos avulsos.
Contabilidade: documentos contabilísticos e registo das operações de tesouraria. 1855-1986
Conteúdo: Livros de receita e despesa, livros de ordens e guias de pagamento, livros de contas correntes, registos de pagamento da revista O Instituto, recibos das quotas de sócios e documentos de receita e despesa dos anos económicos (facturas, recibos, talões, títulos de cobrança e folhas de pagamento do pessoal do Instituto).
Unidades de Instalação: 2 caixas, 27 livros, 8 pastas, documentos avulsos.

Correspondência: correspondência trocada com sócios do Instituto, instituições com permuta de revistas, fornecedores e outros. 1868-1997
Conteúdo: Livros de registo de correspondência, copiador de correspondência expedida, correspondência recebida.
Unidades de Instalação: 10 caixas, 3 livros, 23 pastas.
Sócios: registo dos sócios do Instituto de Coimbra. 1884-1983
Conteúdo: Ficheiro de sócios do Instituto, livro de registo de sócios das Classes, propostas de sócios apresentadas ao Instituto.
Unidades de Instalação: 1 livro, 11 pastas, documentos avulsos.
Biblioteca do Instituto de Coimbra: registo e inventário de monografias e publicações periódicas que constituem a Biblioteca do Instituto. 1866-1946
Conteúdo: Livros de registo de monografias e publicações periódicas, fichas de títulos da Biblioteca, ficheiro de permutas de revistas.
Unidades de Instalação: 7 caixas, 7 livros, documentos avulsos.
Revista O Instituto: documentação que se refere à publicação e distribuição da revista. 1925-1952
Conteúdo: Relações de assinantes da revista, fichas de assinantes, registo da distribuição, inventário da revista, provas tipográficas.
Unidades de Instalação: 4 caixas, 3 livros, 1 pasta, documentos avulsos.
Memórias de Castilho: documentos relativos à produção e publicação da obra de Júlio de Castilho dedicada à vida do seu pai. 1823-1932
Conteúdo: Manuscritos, provas tipográficas, correspondência e registos de propriedade literária da obra Memórias de Castilho, publicada pelo Instituto de Coimbra. Documentos pertencentes a António Feliciano de Castilho que serviram para a compilação das suas memórias: diplomas, requerimentos, cartas, relações de despesas, recortes de imprensa.
Unidades de Instalação: 7 volumes, 20 caixas.

SUBFUNDO: Associação Portugal – RDA: fundo documental de organização autónoma do Instituto de Coimbra. 1975-1977
Conteúdo: Fichas de inscrição, estatutos da associação, documentos de organização e divulgação de actividades, relatórios de actividades, documentos de despesa e correspondência.
Unidades de Instalação: pastas e documentos avulsos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A Secção de Arqueologia do Instituto de Coimbra

Embora tenha nascido apenas vinte anos depois da fundação do Instituto, a Secção de Arqueologia assumiu-se, durante um largo período e logo desde o início, como o núcleo mais activo dentro desta academia. Do ponto de vista científico, os seus membros revelaram-se incansáveis nas pesquisas arqueológicas, nos estudos e na publicação dos seus resultados.
A Secção teve origem na Classe de Literatura e Belas-Artes, onde, na sessão de 5 de Março de 1873, Augusto Filipe Simões propôs a nomeação de uma comissão especializada neste sector, à qual caberia reunir um conjunto de objectos de valor arqueológico e epigráfico que constituiriam o Museu de Antiguidades do Instituto. A proposta foi aclamada e imediatamente se formou a dita comissão, onde se integraram, além do próprio Augusto Simões, Abílio Augusto da Fonseca Pinto, Augusto Mendes Simões de Castro, Miguel Osório Cabral de Castro (que se tornaria presidente da Secção), João Correia Aires de Campos, entre outros. Este último tomou a seu cargo a organização do museu, do qual foi conservador durante vários anos, e ainda a publicação do Catálogo dos objectos existentes no Museu de Arqueologia do Instituto de Coimbra.

Alguns sócios e outros estudiosos (e a própria Câmara Municipal de Coimbra) foram oferecendo objectos para o museu (lápides, esculturas, utensílios, peças pré-históricas, etc.), enquanto a recém-nomeada comissão se reunia frequentemente para debater temas deste domínio historiográfico, para organizar escavações arqueológicas e para desenvolver um projecto de regulamento da Secção. De facto, a 4 de Julho de 1874, em sessão da Direcção do Instituto, foi aprovado o regulamento da Secção de Arqueologia, que passava assim a ter existência oficial e legalizada dentro da academia. O texto declara, no art. 2º do capítulo I, ser o principal objectivo da Secção “o estudo da arqueologia geral e da especial do reino de Portugal, e bem assim o desenvolvimento e propagação dos conhecimentos desta parte das ciências históricas”.
A relevância desta Secção resulta, fundamentalmente, em dois aspectos. Um deles é a constituição de um museu de Arqueologia, cuja colecção viria a ser incorporada no Museu Machado de Castro. O outro vector é o das escavações que o próprio Instituto iniciou nas ruínas de Conímbriga, chamando a atenção para o valor cultural e histórico deste património.

Sala do Museu de Antiguidades do IC

terça-feira, 17 de março de 2009

Comportamento higrotérmico

Os valores médios mensais de temperatura e de humidade relativa registados nos últimos quatro meses estão mais próximos dos valores recomendados pela International Federation of Library Associations (IFLA).

Como se pode verificar na tabela, o valor médio da temperatura registado no último quadrimestre encontra-se já dentro dos parâmetros recomendáveis (oscilação entre os 16ºC e os 20ºC). Comparativamente com o valor médio verificado no quadrimestre anterior (Julho-Outubro), observou-se uma queda acentuada de 3,4ºC. Um maior aproveitamento da ventilação e da circulação do ar, assim como a habitual descida da temperatura exterior dos meses de Outono e de Inverno, explicam esta descida da temperatura.

O valor médio da humidade relativa do ar registado no quadrimestre em análise situa-se nos 57%. Como se pode constatar pelo gráfico, os valores médios mensais obtidos enquadram-se perfeitamente dentro dos valores recomendados pela IFLA, que se cifram nos 55% (com a tolerância de ± 5%).

quinta-feira, 12 de março de 2009

As Ciências Físico-Químicas n’O Instituto

A revista “O Instituto” foi considerada desde o início como um dos meios para atingir o objectivo mais vasto do Instituto de Coimbra (IC), que era o alargamento da “a cultura das ciências, belas letras e artes”. A II Classe do IC era dedicada à ciência e dela emanaram muitos artigos que pretendiam a comunicação “em linguagem fácil, despida do aparato das escolas, as noções fundamentais de todas as ciências, aos que não podem, profundamente, cultivá-las”, segundo as palavras do seu fundador e primeiro presidente, Adrião Forjaz de Sampaio (1810-1874), expressas na introdução ao primeiro volume de “O Instituto”. A importância dada à cultura científica compreende-se pela prevalência de professores das Faculdades de Matemática e Filosofia (ou da Faculdade das Ciências, que sucedeu às referidas duas em 1911) que ocuparam o cargo de Presidente do IC. Dos 17 presidentes do IC (ao longo do período de publicação da revista), cerca de metade (oito) são provenientes destas faculdades e quatro da Faculdade de Medicina.
Em complementaridade dos índices já existentes da revista “O Instituto”, que englobam a totalidade dos artigos publicados, decidimos elaborar um novo conjunto que incide apenas nas ciências Físico-Químicas, com o intuito de disponibilizar aos investigadores destas áreas uma fonte de informação que é reveladora da evolução destas ciências no panorama nacional ao longo da segunda metade do século XIX e a grande parte do século XX (até 1981).

Os índices foram organizados por temas (ideográfico), cronologicamente e por respectivos autores (onomástico). No prefácio do trabalho incluímos uma análise estatística que avalia, genericamente, o relevo assumido pela Química e pela Física em comparação com as restantes ciências tratadas na II classe do IC e com a totalidade de artigos, ao longo do período de publicação da revista (1852-1981).


Este trabalho associa-se assim a esforços anteriores no sentido de tornar a consulta da revista "O Instituto" mais acessível a todos os interessados.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Memórias de Castilho

No passado dia 8 de Fevereiro completaram-se 90 anos sobre a morte do escritor Júlio de Castilho, um dos eminentes sócios do Instituto de Coimbra (admitido em Assembleia-Geral de 1 de Junho de 1873). Nascido em 1840, filho do poeta romântico António Feliciano de Castilho, foi 2º Visconde de Castilho e pertenceu também a outras sociedades, como a Academia das Ciências e a Associação dos Arquitectos e Arqueólogos Portugueses. Da sua vasta e diversificada obra, destacam-se os estudos relativos à cidade de Lisboa, em especial a série Lisboa antiga, e ao arquipélago dos Açores, a obra poética e os textos dedicados a importantes figuras da cultura portuguesa, como os dramaturgos Gil Vicente e António Ferreira. Entre estes, salientamos a compilação que elaborou sobre a vida e obra de seu pai, as Memórias de Castilho, que foram publicadas na revista O Instituto, entre os anos de 1890 e 1914, nos volumes 38 a 50 e 56 a 61. Por disposição testamentária, Júlio de Castilho doou os manuscritos das Memórias ao Instituto de Coimbra, que fazem agora parte do espólio legado à Biblioteca Geral da UC. Na mesma revista editou ainda outros artigos, entre os quais um quadro biográfico-literário do político D. António da Costa (vol. 41), apontamentos biográficos sobre o pintor Francisco Vieira Lusitano (vol. 37), e uma versão da tragicomédia Amadis de Gaula, de Gil Vicente (vol. 57).

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Instituto de Coimbra e a Química Forense

António Augusto da Costa Simões (1810-1903) foi um eminente médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Foi sócio efectivo do Instituto de Coimbra (IC) desde a sua fundação, tendo sido colaborador na revista O Instituto desde o seu início. Desempenhou vários cargos no IC, tais como secretário (1855-1858) e director (1860-1862) da 2.ª Classe e membro da Secção de Arqueologia. Em 6 de Novembro de 1867 tomou posse como presidente do IC, cargo que desempenhou até 1972, tendo sido eleito sócio honorário a partir de 8 de Fevereiro de 1879.
Costa Simões distinguiu-se em muitas vertentes, tendo ocupado vários cargos políticos como o de deputado, vice-presidente do parlamento e de presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Para além da investigação na área da fisiologia humana, dedicou-se também à análise química, tendo realizado análises da água dos Banhos do Luso, dos quais foi grande dinamizador, e interveio decisivamente no projecto de abastecimento de águas de Coimbra.
No quarto volume do jornal O Instituto, de 1855, surgiu uma série de artigos intitulados de Chimica Legal, da autoria de Costa Simões, onde este descreveu as análises efectuadas no Laboratório Chimico da Faculdade de Filosofia para a detecção de venenos em amostras provenientes de diversas localidades. Naquela época as análises toxicológicas eram apenas realizadas nos laboratórios de Coimbra, Porto e Lisboa. Num dos casos tratados pode ler-se:

Desgostou-se o doente com o sabor da primeira dose; e a sua mulher, para o resolver a continuar, tomou também algumas colheres do medicamento; e ambos morreram nessa noute, com symptomas de envenenamento.

Costa Simões, recorrendo ao teste de Marsh, detectou a presença de arsénico na amostra do xarope de amoras e oximel, um remédio caseiro para aliviar os sintomas de angina, cuja quantidade foi bastante para produzir a morte por envenenamento, na dose de duas colheres, de dois adultos.


Mas também outros venenos foram analisados nos vários casos descritos, em particular os alcalóides, com recurso ao método de Stas para o isolamento destas substâncias. O relato pormenorizado que Costa Simões fez dos métodos analíticos usados demonstra que este possuía um conhecimento muito actualizado das mais recentes descobertas em toxicologia.
A actividade forense em Portugal nessa altura era muito limitada, sendo escassos os cenários nos quais havia recolha de amostras. O objectivo de Costa Simões com estes artigos foi demonstrar que a maioria das análises toxicológicas não necessitavam de muitos aparelhos ou reagentes, e que os processos não eram tão complicados que exigissem os recursos de um laboratório químico. Sendo reconhecido o veneno, seria possível proceder, no próprio local, a alguns testes e por meios tão simples, que os pode fornecer qualquer botica d’aldea.
A iniciativa de Costa Simões, no âmbito da ciência forense, seria prosseguida pelo seu condiscípulo e amigo José Ferreira de Macedo Pinto (1814-1895), médico e professor de Medicina Legal, Higiene Pública e Polícia Médica da Faculdade de Medicina de Universidade de Coimbra. Macedo Pinto foi também sócio fundador do IC onde desempenhou os cargos de Tesoureiro, entre 1855 e 1858, e de Vice-Presidente, entre 1860 e 1862. A ele se deve a organização do Gabinete de Química da Faculdade de Medicina que, na altura (1860), já possuía uma vasta colecção de reagentes, instrumentos e utensílios para análises toxicológicas. Uma breve notícia da fundação deste gabinete foi publicada no décimo volume de O Instituto.

(Uma descrição mais alargada deste assunto estará disponível no artigo: Leonardo, A. J., Martins, D. R. e Fiolhais, C. (2009). António da Costa Simões e a génese da química forense em Portugal. Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência – a publicar)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Revista "O Instituto" oferecida a Portalegre

A Biblioteca Municipal de Portalegre (BMP) recebeu recentemente uma colecção (o mais completa possível) da revista O Instituto, oferecida pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC). O acto simbólico da entrega decorreu na passada segunda-feira, 12 de Janeiro, quando a bibliotecária da BMP, Olga Ribeiro, se deslocou a Coimbra, onde foi acolhida pela equipa do projecto e pelo director adjunto da BGUC, A. E. Maia do Amaral, tendo-lhe sido também proporcionada uma visita às instalações da Biblioteca Geral e da Biblioteca Joanina.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Formação em 2008

Em cumprimento do plano de formação previsto para o tratamento da Biblioteca do Instituto de Coimbra, os bolseiros frequentaram os módulos de catalogação de monografias e, ainda, o de catalogação e gestão de periódicos. O trabalho a desenvolver no âmbito da validação de imagens e da verificação de conteúdos para a realização do projecto em curso da edição digital de “O Instituto”, levou a que os bolseiros tivessem formação também nas aplicações ContentE e PAPAIA da Biblioteca Nacional Digital (BND). Por último, entendeu-se ser oportuna a presença dos bolseiros nas sessões de actualização de conhecimentos e de pesquisa em bases de dados bibliográficas, promovidas pela SCOPUS e Web of Knowledge.
Plano observado de formação:
- Nos dias 8 a 10 de Setembro, formação no módulo de catalogação de monografias do sistema Millennium, na BGUC, por Fátima Carvalho, num total de 15 horas;
- A 17 de Outubro, acção de actualização na base de dados em linha SCOPUS (Elsevier), no departamento de Matemática da FCTUC, por Eduardo Ramos, num total de 2 horas;
- A 22 de Outubro, acção de actualização na base de dados em linha Web of Knowledge, na Biblioteca do Departamento de Engenharia Civil, por Alain Frey, num total de 3 horas;
- No dia 23 de Outubro, formação nas aplicações PAPAIA (nomeação de imagens) e ContentE (agrupamento das imagens de acordo com a estrutura da obra), por Dália Guerreiro (DigiCult), num total de 3 horas.
- Entre os dias 10 e 11 de Novembro, formação no módulo de gestão e catalogação de publicações periódicas do sistema Millennium, na BGUC, por Iulianna Gonçalves e Maria Teodósio Jacinto, num total de 12 horas.
Desde o início do Projecto Instituto de Coimbra, entre Julho de 2008 e meados do mês de Novembro, a equipa de bolseiros frequentou no seu conjunto cerca de 105 horas de formação.