sexta-feira, 28 de novembro de 2008

“O Instituto de Coimbra e a evolução das Ciências Físico-Químicas em Portugal de 1852 a 1952” - Doutoramento em Ensino e História da Física

Adrião Pereira Forjaz de Sampaio (1810-1874), primeiro presidente do Instituto de Coimbra
A ciência em Portugal, apesar de ter permanecido longe da ribalta mundial, conheceu um significativo impulso com a formação em 1852 de uma academia científica e literária – o Instituto de Coimbra (IC). A publicação da revista O Instituto e a criação de uma biblioteca dentro do IC deram origem a um valioso espólio bibliográfico e documental que constitui uma importante fonte de informação sobre o desenvolvimento da ciência em Portugal na segunda metade do século XIX e em quase todo o século XX. A sua acção ligada à da Universidade de Coimbra foi considerável, ao promover a organização de vários congressos e conferências com a participação de eminentes cientistas estrangeiros, ao publicar a referida revista científica e literária, ao procurar a renovação dos conteúdos curriculares, etc.
A acção do IC está em larga medida por estudar, tal como está de resto a acção, seja ela positiva ou negativa, do academismo científico em Portugal. Mas o rol de personalidades que pertenceu ao IC é tão rico e extenso, tocando todos os quadrantes da sociedade portuguesa, que se pode, com base nos artigos que esses e outros autores publicaram na revista do Instituto, bem como nas teses académicas publicadas pela Imprensa da Universidade, assinalar e discutir alguns marcos da história da ciência e do ensino em Portugal entre 1852 e 1950.
Foi com base nestes pressupostos que iniciei, em Maio de 2007, o meu trabalho de doutoramento, sob a orientação do Prof. Dr. Carlos Fiolhais e co-orientação do Prof. Dr. Décio Martins do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Se o limite inferior natural para o presente trabalho foi o ano da fundação do Instituto de Coimbra, demarquei como limite temporal superior o ano de 1952, que marca o centenário do IC, por se considerar que a relevância dessa instituição decresce claramente a partir deste ano, apesar de ainda subsistir até ao início da década de 1980, já depois da Revolução de Abril de 1974.
Este trabalho pretende fazer uso do acervo do IC, que se encontra na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC), a fim de estudar o impacto que aquela instituição teve na evolução da ciência e do seu ensino no nosso país, em particular da Física e da Química, na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, tanto a nível universitário como pré-universitário. Para além disso, é objectivo deste estudo avaliar o nível de actualização científica da academia coimbrã através da organização dos cursos das Faculdades de Filosofia, Matemática e posteriormente da Faculdade de Ciências (que, em 1911, resultou da fusão das duas faculdades), da evolução dos programas de ensino e, com particular ênfase, das teses académicas publicadas pela Imprensa da Universidade.
Beneficiando de acesso ao espólio desta sociedade académica, a minha atenção incidiu em especial nos conteúdos da publicação O Instituto. Este jornal é constituído por 141 volumes que se estendem desde 1852 até 1981. Apenas existiam dois índices da revista O Instituto publicados: um que englobava os volumes 1.º a 91.º, de 1937, e outro dos volumes 91.º a 100.º, de 1949. Tendo verificado esta lacuna, elaborei um índice ideográfico e onomástico relativo aos volumes 101.º a 141.º, que já se encontra disponível na página da BGUC. Através de uma análise cuidada de todos os volumes d’O Instituto, foi seleccionada uma lista alargada de todos os artigos relevantes para a Física e para a Química. Esta informação está organizada num outro índice que será brevemente publicado on-line.
Com base em artigos publicados na revista do IC, elaborou-se o artigo intitulado “António da Costa Simões e a génese da Química Forense em Portugal“, cuja publicação já foi aceite pela Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência. Em fase de revisão encontra-se um segundo artigo com o título “A telegrafia eléctrica nas páginas de O Instituto, revista da academia de Coimbra.”
O trabalho desenvolvido originou comunicações nos congressos da Sociedade Portuguesa da Química (SPQ) e da Sociedade Portuguesa da Física (SPF): no XXI Encontro Nacional da SPQ, realizado de 11 a 13 de Junho de 2008 na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, por poster, com o título “A Química Analítica, nas páginas d’O Instituto, na segunda metade do século XIX”, e na 16.ª Conferência Nacional de Física/17.º Encontro Ibérico para o Ensino da Física, realizado de 3 a 6 de Setembro na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, também por poster, com o título “O Instituto e a telegrafia eléctrica em Portugal”.
Queria agradecer à Fundação para a Ciência e Tecnologia, instituição da qual sou bolseiro.

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